quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

a Praça do Sebo no Recife

Agreste na seca

o Vira Lata

Judite e Holofernes

Judite (detalhe)

Judite e Holofernes após Caravaggio

Queria trabalhar o tema da sedução feminina que faz a gente perder a cabeça num estilo Caravagista. Meu filho Jonas e a namorada Raisa assumiram as poses de Holofernes e Judite do quadro de Caravaggio. Só não deixei o sangue espirrar.

Judite e Holofernes (detalhe)

Judite e Holofernes (detalhe)

Caim e Abel

Caim e Abel


O quadro lembra uma foto da página policial da Folha de Pernambuco, que de fato foi a fonte para esta pintura. Faz um ano que vi a foto e li a história triste do homem deitado, morto, e seu parente, um irmão, em pé, indignado.

O que aconteceu? O morto era pedreiro, gostava de tomar uma e bebo se envolveu numa briga de bar no Ibura. Apanhou bastante. A polícia o levou para a UPA onde foi medicado e logo mandado para casa. De novo a polícia o levou, ele entrou em casa andando, deitou-se, cobriu-se e morreu devido ao espancamento. A história terminou aí. Ninguém foi responsabilizado.

Me veio à mente a história de Caim e Abel e a pergunta insistente de Deus a Caim: “Onde está teu irmão?” Caim: “Sei lá, por acaso sou responsável por meu irmão?”

Na minha pintura é Caim que levanta a mão em defesa de si mesmo, esconde o rosto, já pronto para sair da cena. Abel deitado, meio cinzento como o cobertor e o chão, lembra até o Cristo Morto. Claro e escuro dividem a tela. Um saco de cimento aberto no meio da casa pois a vida está em permanente construção. Os bens duráveis de sempre e de todos, som, liquidificador, ventilador e televisão. Cascos secos, sobras de algum prazer. Comida pouca. Tênis guardado para ocasiões especiais. Retrato da pobreza.

Diálogo (feminino)

Diálogo (masculino)

Abacaxis

a roseira

a mangueira

o caju vermelho

Nu sentado após Permeke

Este ano faz 60 anos da morte de Constant Permeke (1886-1952), artista belga, principal figura do expressionismo flamengo.
Dez anos atrás estive na antiga residência de Permeke, hoje museu, em Jabbeke. Fizemos uma visita relâmpago, pois chegamos em cima da hora de fechar o museu. Quinze minutos para ver tudo! O que mais me impressionaram, foram os grandes desenhos de nus. Reproduzo aqui uma releitura minha em óleo sobre tela do desenho "Nu sentado" de 1948.

moça de botas

leitura matinal

Nu de costas

Despindo-se

Encomendas

Pintei algumas encomendas. Um quadro grande, 110 por 250cm, com o tema Jazz. Fiz um estudo menor (55 por 125cm)) de um jamsession com Miles Davis, o clarinetista de Portinari e meu amigo Fred Lyra no violão. O cliente gostou da composição em si mas preferiu um pianista no lugar do violonista e estranhou o clarinetista da obra de Portinari. Estes saíram e entrou Oscar Peterson no quadro.

Outra encomenda foi pintar uma cena de Romeu e Julieta numa tela de 100 por 200cm. Coloquei no centro da cena uma carta de amor, Romeu e Julieta, os dois se esticando para entregar a carta, impedidos pelos espinhos da buganvílea cuja flor roxa já anuncia o fim trágico da história.

Jazz (estudo)

Jazz

Romeu e Julieta

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Exposição "Construtores do Brasil"

No dia 05 de setembro de 2012 foi inaugurada a exposição "Construtores do Brasil, homens e mulheres que ajudaram a fazer um grande país" no Salão Nobre da Câmara dos Deputados em Brasília.A exposição dura até o dia 27 de setembro. Depois viajará pelo país. Os 25 retratos pintados por artistas do Brasil inteiro farão parte do acervo da Câmara dos Deputados. Na foto o Ministro dos Esportes Aldo Rebelo, curador da exposição, frente ao meu retrato de Henrique Dias.

sábado, 26 de maio de 2012

Henrique Dias

Fui convidado para pintar o retrato de Henrique Dias, que fará parte da “Galeria dos Construtores do Brasil” na Câmara dos Deputados em Brasília. Trata-se de uma reedição, agora em pintura, de uma galeria com reproduções fotográficas de 25 heróis e heroínas do povo brasileiro existente desde 2007. Foram convidados 25 artistas do Brasil inteiro para dar uma nova iconografia a este panteão de personalidades marcantes da história brasileira. Já pensou?! Logo eu, holandês, para pintar um herói da Insurreição Pernambucana que resultou na expulsão dos holandeses em 1654! Para dizer a verdade, não tive problema nenhum com isso. Para mim é uma honra. Fui tão bem acolhido nesta terra pernambucana que me sinto mais daqui do que de lá. Aliás, sou natural do sul dos Países Baixos região de cultura católica, portanto sou mais flamengo do que holandês.
Não existe uma iconografia única e definitiva de Henrique Dias. Ele aparece com feições diferentes no retrato no Museu do Estado de Pernambuco e na gravura que normalmente ilustra os livros de história e que inclusive está na atual Galeria dos Construtores. Por isso, tomei a liberdade de pintar a minha versão. Convidei meu amigo Buda para posar, negro bonito, de meia idade, um pouco calvo. As cores da roupa procuram combinar com as tonalidades do fundo. Henrique Dias esconde com o chapéu parte do braço esquerdo dele que foi decepado em uma batalha. Para contextualizar a figura nos eventos históricos da expulsão dos holandeses, pintei como fundo um detalhe do painel da Batalha dos Guararapes feito por Francisco Brennand em 1961/62 e que se encontra na Rua das Flores no centro do Recife. Pintei a cena que mostra os holandeses fugindo em pânico e abandonando suas bandeiras. A nova "Galeria dos Construtores do Brasil" será inaugurada no dia 5 de setembro durante a Semana da Pátria na qual se comemora este ano 190 anos da Independência do Brasil.

quarta-feira, 23 de maio de 2012

resguardar-se e revelar-se

Ao trabalhar na série “Capturados”, retratos de artistas pernambucanos como se estivessem presos, percebi que quando o modelo procura não se expor ou não revelar-se resguardando a sua identidade física, tal como um suspeito detido, a atenção e a curiosidade do espectador são atiçadas. Essa situação gera um estranhamento, a pintura ganha certo fascínio ao não revelar tudo e oferece ao expectador diversas possibilidades de interpretação e diálogo com a tela. Esta tensão entre revelar-se e resguardar-se, se tornou um elemento marcante em outros retratos e estudos de figura que fiz recentemente. Nessas pinturas usei este recurso de maneira diversa: a figura empacotada, uma visão surreal a la Magritte do backface portrait, sombras, mão frente ao rosto, olhos fechados, o uso de um atributo estranho "fora de época"... Confira na série de quadros embaixo.

retrato empacotado

mulher embrulhada

backface portrait de Márcia

backface portrait de Jonas

luz e sombras

Seguem dois estudos ou ensaios para uma tela maior que pretendo executar num estilo caravagista. É um desafio pintar áreas sombreadas com nuances diversas.

rapaz com mão no nariz

moça com mão no nariz

o duque de Brabante

Esta criança é o Duque de Brabante, no inverno de 1936, escrevendo suas primeiras letrinhas, posteriormente ele seria o Rei Balduíno da Bélgica (1930-1993). Há pouco tempo encontrei na casa da minha mãe uma coleção de fotos da família real belga nos anos '30. Minha mãe, uma mocinha de 15 anos em 1936, colecionava tudo que tinha a ver com a Rainha Astrid (1905-1935) que morreu de forma trágica num acidente de carro. Era a Princesa Diana do período entre-guerras na Europa.
Dois pintores contemporâneos belgas, Luc Tuymans e Michaël Borremans, recorrem bastante em suas pinturas a esse tipo de imagem/fotografia da primeira metade do século XX. O último, Borremans, dominando uma técnica primorosa, clássica de pintura para não dizer acadêmica haja vista que já faz algum tempo que academia nenhuma ensina isso.

galego

o galego que queria ser negro

moça antenada

trabalho com modelo

No mês de março trabalhei regularmente com um modelo, Xavana, jornalista e mestranda em artes visuais. Seguem aqui algumas pinturas que fiz a partir dessas sessões de pose.

o importuno

“O importuno” é o título de um quadro do pintor Almeida Junior (1850-1899), no qual estão representados o pintor e o modelo surpreendidos no atelier por uma visita inoportuna. No meu quadro o importuno está também fora da tela. Mais referências: as mãos pintadas num retrato da filha quando pequena de Marlene Dumas(1953) com o título "the Painter" (1994) e a pintura "Red Hand, Green Hand"(2010) de Michaël Borremans(1963). A pose lembra o retrato que Gerhard Richter (1932) fez da sua filha Betty (1988). Só para dizer que é dialogando com essas referências pictóricas e com a memória visual que surgem "novas" imagens.

o espelho

Também aqui o título se refere a algo fora da imagem no quadro.

uma ode às mãos

uma ode aos pés

de olhos fechados

Gosto muito do quadro "Woman with eyes closed" (2002) de Lucian Freud (1922-2011) que foi adquirido pelo Museu Municipal de Haia. Fiz este retrato de Xavana de olhos fechados.

o cão a a grande bailarina de 26 anos

Xavana assumiu a pose da "Pequena Bailarina de 14 Anos" (1879/80) de Edgar Degas (1834-1917), uma estatueta em bronze de 99cm de altura que está no MASP. Pintei Xavana em tamanho real.

algumas paisagens

Não vou longe para pintar paisagem. Moro num sítio, fico no meio do mato e me aproximo dos cajueiros, mangueiras e coqueiros.

o cajueiro

cajueiro e céu de verão

a palha amarela

retratos de crianças

Acho difícil pintar retratos de crianças. Não é só pelo fato da criança ser irrequieta e, dificilmente, posar sem se mexer. É um problema de pintura mesmo. Para criar volumes a gente recorre a valores e cores de claro/escuro que tendem a envelhecer a figura retratada. As sombras podem dar a impressão de olheiras e rugas. Pois é, o rosto delicado da criança, a pele fina, as formas arredondados precisam de uma pintura leve e um desenho preciso como, por exemplo, nos retratos de Guignard. Quando estive na Holanda no mês de fevereiro pintei dois retratos das netinhas de uma prima minha. De volta ao Brasil pintei mais duas crianças.

Lois

Eveline