Pintei dois quadros, um
grande de 180 por 200 cm, e um pequeno, de 80 por 60 cm, que retratam a
procissão do Senhor Morto em Olinda.
Participo todo ano desta procissão e, pela segunda vez (veja postagem de
maio 2009), procurei pintar minhas observações e emoções.
A
Sexta-Feira Santa em Pernambuco é bem particular. Comida em abundância, um
almoço de comidas típicas como quibebe, feijão, bredo, peixe, purê, tudo
preparado com leite de coco. Vinho também em abundância. “O verdadeiro jejum”
(Isaías 58) consiste na reunião da família e dos amigos em torno da mesa.
Ninguém pode faltar. Há um esforço de avisar e chamar o pessoal como se fosse
para o velório de um parente.
Na Via
Sacra em Olinda continua esse mesmo enredo. Parece o enterro de uma pessoa
conhecida, próxima ou da família. As antigas irmandades com suas roupas
coloridas carregam as imagens. Na frente vai o Senhor Morto seguido por
Verônica, pela mãe Maria e pelo discípulo amado João. Os Santos se sobressaem
acima da multidão que nem os bonecos gigantes do Carnaval Olindense. Um velho
carro de som dá volume às rezas e cânticos de um frade franciscano e o povo vai
acompanhando pelas ruas da cidade alta, rezando, conversando, chupando pitomba.
Até algodão doce é vendido. Não tem essa história de distinção entre sagrado e
profano. É um sentimento só. Vamos enterrar um conhecido, Jesus de Nazaré.
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